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Crianças Trans Existem


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A maioria das pessoas trans se percebem assim ainda na infância, porém, mesmo a infância sendo a fase mais importante da nossa construção afetiva e subjetiva, também é a fase que somos mais negligenciadas (os). A criança em geral tem os seus saberes e direitos retirados por adultos que não conseguem entender a importância da expressão de sentimento e opiniões nessa fase.


É muito frequente observar, crianças sendo silenciadas sempre que tentam emitir alguma opinião e todo esse comportamento adulto normalizado, faz com que essas crianças se sintam muitas vezes ridicularizadas e passem a acreditar que suas opiniões e percepções do mundo, não valham muito.


Quando levamos esse descredito do saber e da autopercepção infantil para as questões de gênero, a situação fica ainda mais complexa. A opinião infantil, sobre qualquer assunto é desqualificada, imagine quando uma criança declara que se percebe diferente do gênero de nascimento?!


Eu ofereço a atendimento especializado para pessoas trans e famílias de pessoas em transição, sejam elas crianças, adolescentes ou adultos e a maioria dos meus pacientes se perceberam trans ainda na infância, mas só conseguiram ser ouvidas bem mais tarde. Muitas relatam que tentaram falar sobre isso com os pais e cuidadores, mas não receberam crédito ou foram levadas a profissionais que também não entendiam sobre transição e que classificavam essa autopercepção de gênero apenas como uma questão de sexualidade.


Pode parecer bobagem, mas é violência negar crédito aos sentimentos e autopercepção de uma criança.


Outro ponto importante sobre as questões de gênero é que até pouco tempo não existia tanta informação e até essas pessoas trans sabiam que não eram apenas gays e lésbicas ou meninas "com comportamento masculino" ou meninos "afeminados", eles se percebiam desde muito cedo com muito mais complexidade do que qualquer adulto poderia perceber.


Quando eu falo de saúde mental de pessoas LGBTQIA+ estou falando principalmente sobre respeito, sobre a necessidade de acolher as subjetividades dos outros e isso passa pela infância, pelo respeito as autopercepções infantis.


Crianças trans existem e precisam ser vistas e acolhidas como são.

 
 
 

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