Por que furar a orelha na maternidade?
- Mel Meireles
- 19 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Esse é o primeiro padrão estético que o corpo feminino é submetido e ele acontece logo ao nascer!
Pq convencionaram que as meninas deveriam ser identificadas e padronizadas logo após o nascimento?!
Pq colocar um adereço de longa permanência em uma bebê?!
Pq furar um pedacinho do corpo de um bebê por estética?!
Essas perguntas sempre ficaram em mim por um motivo específico! Eu me acho FEIA sem argola ou brinco...nunca me aceitei sem...e lembro que era um tormento, minha orelha inflamava até com brincos de ouro e mesmo assim, eu insistia em usar. Doía para dormir e nunca me disseram que eu podia tirar e por não saber, dormia com dor mesmo...dormia com dor para seguir um padrão de beleza.
Um padrão que nunca me perguntaram se eu queria seguir, que me foi imposto e hoje é ele que define se eu me sinto ou não bonita...fico desconfortável com as orelhas vazias, a ponto de voltar em casa pra buscar ou parar em algum lugar pra comprar um brinco ou argola.
Um exemplo que parece simples e bobo, mas nele começam muitas outras questões que nos alcançam na vida adulta.
Inconscientemente aprendemos a normalizar e a minimizar a opressão estética, é assim que a gente começa a acreditar que valem sacrifícios pela beleza.
É a partir de vivências como essa que a gente começa a normalizar o sapato lindo e apertado que faz calo no pé, o salto alto que doe os joelhos e tornozelos, as cintas para diminuir a barriga mesmo que tenha falta de ar por isso, a escova progressiva e a pranchinha que queimam o couro cabeludo, o lazer que dói, a cera que queima a pele e a lâmina que irrita, só para ficar sem pelos...aprendemos muito cedo que vale qualquer esforço para estar no padrão e toda essa opressão estética também nos adoece..
Esse texto não é um julgamento, não é sobre ser certo ou errado.
É uma reflexão, para que a gente converse sobre que futuro queremos para meninas que virão, e que a gente pense como o senso comum nos atinge e, porque seguimos fazendo igual, geração após geração.
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